'Operação El Patrón': suspeitos de atrapalhar investigações contra milícia na Bahia viram réus
04/02/2025
Organização criminosa é acusada de lavagem de dinheiro e agiotagem na região de Feira de Santana, cidade a cerca de 100 km de Salvador. Operação El Patrón: Justiça recebe denúncia do MP-BA e quatro pessoas viram réus
A Justiça da Bahia aceitou a denúncia do Ministério Público do Estado (MP-BA) e tornou réus quatro suspeitos de tentar atrapalhar as investigações da "Operação El Patrón". A decisão foi divulgada nesta terça-feira (4).
Iggo César Barbosa, a esposa Ioná Santos Silva, Filipe dos Anjos Santana e Jackson Macedo Araújo Júnior foram alvos de uma outra ação deflagrada em novembro de 2024. Iggo é advogado de um dos presos na "El Patrón".
Batizada de “Operação Patrocínio Indigno”, a ação é em um desdobramento da anterior. O grupo é acusado de crimes como lavagem de dinheiro e agiotagem na região de Feira de Santana, segunda maior cidade do estado, a cerca de 100 km de Salvador.
O suposto chefe do esquema é o deputado estadual Binho Galinha, que nega as acusações. Em contato com a reportagem, nesta terça-feira, a defesa do investigado reafirmou que ele segue à disposição e confia na Justiça.
Como agiram os réus
MP-BA denuncia quatro suspeitos de obstruir investigações
As investigações apontam que os quatro réus teriam agido em conjunto, nos dias 7 e 8 de dezembro de 2023, para "embaraçar" as apurações criminais que estavam em curso.
👉 Detido na Superintendência Regional da Polícia Federal em Salvador, Jackson usou um celular disponibilizado pelo seu advogado, Iggo César, para indicar login e senha de sua conta de armazenamento de dados.
👉 Essas informações teriam sido repassadas a Ioná, que tentou apagar os arquivos digitais remotamente.
👉 Sem sucesso, ela teria acionado Filipe dos Anjos para destruir as evidências.
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Relembre a 'Operação El Patrón'
Binho Galinha é suspeito de lavagem de dinheiro
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A "Operação El Patrón" foi deflagrada em dezembro de 2023 e teve como um dos alvos o deputado estadual Kleber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha.
Na época, foram cumpridos:
10 mandados de prisão preventiva;
33 mandados de busca e apreensão;
bloqueio de mais de R$ 200 milhões das contas bancárias dos investigados;
sequestro de 26 propriedades urbanas e rurais;
suspensão de atividades econômicas de seis empresas.
As investigações apontaram que o grupo é suspeito por lavar dinheiro de jogo do bicho, agiotagem, receptação qualificada e desmanche de veículos. Em um dos imóveis inspecionados pela Polícia Federal, foram encontradas milhares de peças de carros.
Equipes apreenderam documentos na casa do deputado federal Binho Galinha
Divulgação/PF
Entre os presos na operação estão três policiais militares e familiares do deputado estadual. Entenda a função que cada um desempenhava no grupo criminoso:
👉 João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano: filho do deputado estadual. Ele era responsável por receber o dinheiro do crime desde quando ainda tinha menos de 18 anos. Ele repassou para o pai cerca de R$ 474 mil.
👉 Mayana Cerqueira da Silva: esposa do deputado estadual. As investigações apontaram movimentação financeira incompatível com os rendimentos declarados à Receita Federal e a maioria das transações feitas por ela envolvem os outros suspeitos.
👉 Jorge Vinícius de Souza Santana Piano: principal operador financeiro da organização criminosa e amigo de Binho Galinha. Conforme investigações, ele movimentou mais de R$ 39 milhões, o que não condiz com o que foi declarado à Receita Federal.
👉 Jackson Macedo Araújo Júnior: policial militar. Conforme investigações, ele movimentou quase R$ 4 milhões, o que não condiz com a condição econômica declarada à Receita Federal.
👉 Josenilson Souza da Conceição: policial militar e bacharel em direito, o suspeito movimentou em suas contas pouco mais de R$ 1,7 milhão, o que não condiz com o que foi declarado à Receita Federal.
👉 Roque de Jesus Carvalho: policial militar, movimentou mais de R$ 9 milhões entre janeiro de 2013 e março de 2023, o que não condiz com o que foi declarado à Receita Federal nestes 10 anos.
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